Ocorrências de pequenos desaparecimentos de valores, como quando é notado o sumiço de dinheiro da carteira de um idoso e os familiares se perguntam como aquilo poderia ter acontecido dentro do próprio lar, infelizmente podem surgir em ambientes domésticos onde atuam cuidadores. Ainda assim, esse tipo de episódio não deve ser considerado comum – tampouco aceitável.
Se você é familiar ou responsável por um idoso, entenda o que pode ser feito, como se proteger de situações delicadas como essa, e também como investigar qualquer indício de irregularidade.
Quando o dinheiro desaparece da carteira do idoso
Conheça o caso do Sr. Juarez (nome fictício), residente em Gramado, região da Serra Gaúcha do RS.
“Meu pai sempre fazia questão de manter a carteira por perto, recheada de notas altas, mesmo sem precisar lidar com gastos diários. Isso lhe dava uma sensação de controle, mesmo convivendo com demência e sendo constantemente assistido por cuidadoras. Ele já não tinha noção clara do tempo ou do espaço.”
E quando o dinheiro some?
Casos como este não são raros. Por vínculo com antigos hábitos, falta de compreensão sobre a nova realidade trazida pelo cuidador ou, até mesmo, por desconhecimento dos riscos envolvidos, muitas famílias acabam permitindo a exposição desnecessária de valores e objetos de valor ao alcance de profissionais que atuam no ambiente, como cuidadores.
Alguns idosos mantêm quantias elevadas em casa. Outros, por insistência da família em manter rotinas antigas – como usar pratarias mesmo em refeições comuns com a presença de cuidadores – acabam expostos a riscos desnecessários. Essas atitudes representam falhas na gestão da própria segurança.
Casos de desaparecimento de valores
Em várias ocasiões, o Sr. Juarez mencionou a ausência de cédulas em sua carteira. Algumas foram achadas em bolsos de roupas, outras no lixo do banheiro, e até dentro de panelas na cozinha – o que é compreensível considerando sua condição de saúde. No entanto, nem todo o valor foi recuperado.
O fato é que nem o filho único, nem as cuidadoras e nem mesmo o Sr. Juarez, com sua mente comprometida, podiam afirmar com certeza que houve furto. Ele poderia, simplesmente, ter escondido o dinheiro sem perceber. Então, como acusar alguém injustamente?
A melhor atitude não é desconfiar das pessoas. Em vez disso, é mais prudente pensar: o que os familiares poderiam ter feito para evitar a situação?
Por que havia dinheiro exposto?
As primeiras perguntas a serem feitas são:
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Por que uma carteira com dinheiro estava acessível a qualquer pessoa?
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Era mesmo necessário guardar essa quantia dessa forma?
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O que pode ser feito para reduzir riscos e identificar problemas de forma rápida?
Vamos partir das seguintes premissas:
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“A ocasião faz o ladrão” – como diz o ditado popular.
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Para confiar em um cuidador, é essencial um processo de seleção rigoroso, com verificação de antecedentes e referências. Voltaremos a isso adiante.
A seguir, apresentamos boas práticas que ajudam a prevenir situações como essa:
Como reduzir as chances de incidentes:
1. Processo seletivo rigoroso
Evitar situações como o sumiço de dinheiro da carteira do idoso começa pela contratação cuidadosa do profissional.
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Identificação completa: solicite nome, endereço, cópia de documento e comprovante de residência.
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Referências verificáveis: peça cartas de recomendação, dados dos empregadores anteriores e confirme as informações fornecidas.
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Verificações legais: acesse os registros criminais na polícia civil, federal, justiça estadual e federal. Isso é indispensável para garantir segurança familiar.
Mesmo ao contratar uma empresa, participe do processo para garantir que esses cuidados estão sendo seguidos.
2. Instalação de câmeras
Monitorar o ambiente não é sinônimo de invasão de privacidade, mas sim uma medida de segurança. Vale lembrar que o cuidador, por definição, atua conforme a orientação de responsáveis diretos. Se algo errado acontece, a responsabilidade pode recair também sobre quem contratou.
Câmeras com gravação de imagem e som são importantes para esclarecer dúvidas e prevenir conflitos.
Pessoas honestas não se incomodam com a presença de câmeras – pelo contrário, enxergam como algo que protege a todos.
3. Uso de cofre
Objetos de valor e dinheiro não devem ficar acessíveis. Utilize cofres para guardar esses itens. Algumas empresas, como a Acvida, oferecem cofres de segurança sem custo adicional, justamente para minimizar esse tipo de risco.
4. Controle de valores com Caixa Fixo
Para pequenas despesas diárias, como supermercado ou farmácia, a melhor solução é utilizar um Caixa Fixo. Essa prática permite registrar entradas e saídas de valores com transparência, exigindo apresentação de comprovantes e notas fiscais.
Esse controle ajuda na gestão financeira do lar, promove mais segurança e evita mal-entendidos com a equipe.
Diferença entre furto e roubo
Segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), furto é a retirada de bem alheio sem uso de violência, enquanto o roubo envolve ameaça ou agressão.
Casos de roubo envolvendo idosos em casa são mais raros. A maioria dos incidentes são furtos, pois os idosos dependentes não têm como se defender ou reagir, o que torna o uso de violência desnecessário para o infrator.
Cuidador de idosos e a segurança
Seguindo essas boas práticas, casos de furto tornam-se praticamente inexistentes. Nos últimos 10 anos, nenhuma ocorrência desse tipo foi registrada em domicílios que adotaram essas recomendações.
A segurança no ambiente domiciliar depende de atitudes responsáveis, e está ao alcance de todos os envolvidos no cuidado com o idoso.
Considerações finais
Este conteúdo não pretende gerar desconfiança, mas sim orientar famílias a adotarem boas práticas e promoverem um ambiente de respeito, segurança e bem-estar para os idosos e profissionais envolvidos.
➡️ Seguindo os passos indicados, o risco de furtos é praticamente eliminado.
Lembre-se: a segurança da sua família também depende da sua postura frente aos riscos.